quinta-feira, janeiro 28, 2016

Tão igual quanto for possível

Visitamos, com alguma regularidade, a UTAAC na Gulbenkian. Antes do JP passar para o 5º ano, advertiram-me: "mãe, no 5º ano é para ser como os outros, se têm telemóvel, é para ele ter também!"

Fiquei sem saber o que pensar...really ?

Mas eu levei aquilo a sério. Na verdade ele já tinha tido uma anterior experiência em que mandava SMS pelo computador e era agradável para nós e para os amigos. Assim foi. Recebeu este Natal um telemóvel.
Por vontade só da mãe, porque o pai não era muito a favor.
E tenho a certeza que algumas pessoas pensaram que eu não jogava com o baralho todo.
Felizmente somos os 3 (na verdade os 4, porque o Rafa também intercede muito pelo irmão), uma equipa, que se empurram um aos outros, para a frente. 
O pai, que não era nada a favor, lá partiu a cabeça a descobrir uma forma dele controlar o ecrã do telemóvel através do computador : Sem ele o JP teria o telemóvel, mas com pouca autonomia.
Agora manda SMS, faz chamadas e até pedincha como os outros fazem.
Adora !

A cadeira eléctrica tem andado sobretudo na escola. Levar para o ATL e andar com ela aqui em casa não é nada prático. Mas como a velhinha manual dela está com 7 anos e em muito más condições, o JP tem feito toda a força do mundo para andar sempre com a eléctrica. A mãe, muito inerte, resiste à pressão e mudança, mas o JP insiste …via SMS…

excerto da conversa via SMS com o JP
Delícia. Acabou por me fazer ligar para o ATL e levou mesmo a cadeira ontem.

Precisamos de miúdos assim, meu querido,  para fazer o mundo andar para a frente.

Orgulho em ti, meu filho…


quarta-feira, janeiro 13, 2016

Reunião do fim do primeiro trimestre 5º ano

Ainda ontem tive a reunião de fim do primeiro período do 5º ano do JP.
O JP anda numa fase de muito entusiasmo pela escola, ou melhor dizendo, por algumas disciplinas.
Teve tudo positivo, algumas boas notas. Mas sinto que, apesar de estarem criadas as condições para ele estar bem, está ali  o  tal " mundo cão ", que todos os adultos conhecem. 
E que o JP também está a começar a conhecer. 
Existem, FELIZMENTE, também os magníficos professores empenhados, mas existem os que o veem como um estorvo. 
Os que o admiram, os que o não entendem e nem nunca terão capacidade de o entender. 
Nem o que sentem e vivenciam os pais de uma criança assim. O que passámos. O dar cada dia com saúde como uma benção. E depois o conseguir fazer concentrar, obedecer, controlar as emoções.
Nem têm ideia do que foi preciso para chegar a este nível. Nem dos sacrifícios que todos os dias fazemos para ele ir à escola, arranjar equipamento, ser bem sucedido, ir acompanhando, e como também nós temos imensas limitações. 

Um dia eu achei que ele era um filtro, que fazia conhecer gente boa. 
Agora eu sei que ele é um filtro também de saber quem são os bons professores. 

Parece presunção. Mas ontem percebi que não.
As disciplinas que ele ama, que estuda sem eu pedir, inventa resumos e procura respostas na net, eu sei que tem ali um professor que o motiva. 

 Ontem na reunião de pais, percebi, que afinal, aqueles de quem ele gosta, são os que os outros gostam e têm também boas notas. Em conversa com os pais, tirei a radiografia.
No fundo é geral. No fundo ele é só mais um, entre muitos.

Há disciplinas que, sem perceber porquê (ou até percebo muito bem),  não teve tão boas notas, não estuda sem ser obrigado. Ou recusa-se a estudar de todo. E lá vai passando entre os pingos da chuva. 
Não gosta. Ou gostou um dia, no passado, e deixou de gostar. 
E esses professores andam aí, com muita pena minha...

Valha-nos os bons. Já vi alguns pequenos excertos dessas aulas e percebi que o fazem com paixão.  Mantêm uma relação próxima e ordeira com os miúdos, mandam os TPCs, com o meu conhecimento, alguns dão-se ao trabalho de adaptar algumas fichas, muitas vezes, nem sendo necessário.
Estão ali porque gostam e querem. Ensinam e transmitem paixão pela aprendizagem. E eles aprendem felizes sem opressões, sem ameaças.

Enfim, este é o mundo real que ele terá daqui para a frente. O BOM E TAMBÉM O MAU....

O 4 º Ano

Nestes 11 anos, tivemos a sorte de nos cruzar com pessoas maravilhosas. 
O primeiro ciclo foi ainda um prolongamento do miminho que o JP sempre teve habituado.
Alguns pais (poucos) diziam que a professora do primeiro ciclo não exigia aos alunos uma grande dedicação ao estudo, o volume de TPC não era astronómico, como se isso fosse mau...
O meu JP precisou sempre de uma dose extra de motivação para se concentrar e ela conseguiu que ele fosse um fã de matemática, gostasse de estudar e soubesse como investigar um tema. 
Soube mostrar o quanto a informática era abrangente e o poderia ajudar. 
Muito mais. Soube que o grupo resolvesse de forma muito assertiva todos os problemas e conflitos que surgiram. Ensinou a gerir emoções.
E ainda hoje a turma é a mesma e se mantém unida e solidária.
Agradeço ainda ter despertado o gosto pela escola e de aprender sobre os assuntos. 
Que se pode pedir a um professor que não isto ? 
Memorizações para exames ridículos  e TPCs gigantescos que em 15 dias já esqueceram ? 
É isso que é ser bom professor ?
Não é o meu conceito.
Agradeço e faço-lhe uma vénia uma vez mais. 5 estrelas. Uma amiga do JP, sem dúvida.

No ano passado, a esta altura do ano,  fizemos uma reunião na actual escola do JP, onde muitos professores disseram: "ah, reunião tão prematura, nem sabemos se o miúdo passa nos exames e se vem para cá". Meti o rabinho entre as pernas, porque era um facto realmente ainda desconhecido e tive de me calar mas acreditei que sim. E lá está ele agora.